Propósito

O interesse em transformar a matéria é algo que me atravessa desde de criança. Sempre tive uma vontade intrínseca de criar, alterar o estado das coisas com as mãos. As argilas do rio eram insumos para obras de arte de uma criança que brincava de inventar. Na areia, criava labirintos. Já as paredes, infinitas possibilidades.

A vida adulta me trouxe novas paixões, entre elas, a arquitetura. A beleza das formas mais simples e a história por trás de cada traço me instigava. A sensação era de que qualquer coisa podia ser construída. Mas não materializar com as minhas próprias mãos cessava o fluxo da minha liberdade criativa.

Durante a graduação de arquitetura, conheci um professor de ourivesaria e foi ali que tudo se transformou. Enquanto polia técnicas e desenvolvia formas, buscava me expressar através do estado tridimensional de conceitos abstratos. Sensível aos meus próprios impulsos, desenvolvi outros objetos, dessa vez em metal, e me lancei ao mundo, sem saber ao certo quem era. O fazer era como um expurgo de um interior desconhecido.

Sentir. Tudo sempre partiu – e ainda parte – deste estado de observação. Me entreguei às pesquisas do ser, dos “porquês” e “praques” fazemos o que fazemos ou somos o que somos. Me apoderei das pluralidades do ser e expandi as possibilidades do criar. Entendendo que estar e ser não se permitem juntos, é necessário transitar.

Por algum tempo busquei uma única identidade, até entender e abraçar a minha própria multiplicidade. Assim, imbuída pelas minhas constantes mudanças, me permito criar objetos que expressam o meu viver em diferentes formas.
Criar novos sentidos me impulsiona. Do conceito à materialização, os objetos celebram a liberdade, a pluralidade e as nossas vontades.
Aqui, os objetos contam histórias.

Objetos

Divido minhas criações em três segmentos:

Nas coleções, os objetos são, de certa forma, tradicionais ao olhar. Joias, em sua maioria de prata, ouro e latão, que podem ser usadas como brincos, anéis, colares e pulseiras. Podendo – alguns deles – se transformar e passear pelo corpo, o que chamo de objetos mutáveis.

Nas séries, abrigo os objetos que fogem do comum ou que ultrapassam a escala convencional, transitando entre corpo e ambiente. Objetos contemplativos que contam histórias do nosso tempo.

E por fim, os projetos, onde me dedico à parcerias e trabalhos especiais para marcas e clientes finais.

Processos

Meu processo criativo é fluido assim como minha ideias. A cada momento entendo e acolho uma nova vontade e forma de expressão. Busco expandir a funcionalidade dos objetos e criar novos sentidos, seja no próprio corpo ou fora dele.

Como meio de produção, trabalho com variadas formas e estou sempre à procura do novo. O mesmo me cansa. Já me aventurei pelos mais diversos tipos de metais, marcenaria, vidro, borracha, silicone, água, acrílico, resina, moldagem, entre tantos outros. E a cada novo projeto enxergo uma nova habilidade a ser conquistada.

O importante é entender que cada projeto pede seu próprio processo, seja dentro ou fora do atelier.

Sobre
mim

Aos nove anos ganhei um livro que ensinava diferentes tipos de nós. Aprendi e apliquei em pulseiras de tecido com miçangas, que vendia no intervalo das aulas. Depois me interessei pela cerâmica. Em seguida, veio o corte e a costura, o desenho e a aquarela. Foi assim, ao longo da vida, que fui percebendo que meu desejo latente de tentar o novo não acabaria nunca. Hoje, depois de grupos de estudos sobre arte e joalheria, cursos, muita terapia e “esoteria”, me aprofundando e me apropriando do desconhecido, entendi o que eu buscava em tudo que fazia, mesmo quando fazia sem achar que estava buscando. Prazer, Luisa.